São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Com Tião Viana na cadeira de Renan, Acre leva mais verbas

Estado do presidente interino do Senado lidera lista de liberação de emendas de bancada

Em outubro o Acre recebeu R$ 12 milhões para obras; influência política conta, mas senador nega tratar de emendas para seu Estado

SILVIO NAVARRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mês em que Tião Viana (PT-AC) assumiu a presidência do Senado interinamente, o Acre teve a maior liberação de "emendas de bancada" feitas ao Orçamento deste ano entre todos os Estados do país.
Foram R$ 12 milhões repassados para obras definidas pelos 11 parlamentares acreanos -oito deputados e três senadores- em outubro, valor que representa metade de tudo o que saiu do caixa da União no mês passado sob a rubrica de "emendas de bancada" -R$ 24,8 milhões. O repasse de outubro representa 57% de todo o montante liberado no ano para o Acre por meio desse tipo de emenda -R$ 21 milhões.
Essa modalidade de emenda é feita em conjunto por parlamentares no início do ano. Para ser liberada rapidamente necessita de um articulador de peso no Congresso. Tradicionalmente, atendem a pedidos do governador. O governador do Acre é Binho Marques (PT), eleito por influência da família Viana. Seu antecessor, Jorge Viana, é irmão de Tião.
"Não vamos debater na Casa Civil cada um puxando a sardinha para a sua lata. Vamos com um projeto concreto, e a bancada vai unida, governo e oposição. Aí, para a Dilma [Rousseff] é uma beleza liberar o recurso", diz o deputado Nilson Mourão (PT-AC), que reconhece: "É claro que facilita ele [Tião Viana] ser presidente do Senado, o ex-governador ser Jorge Viana. Todos eles têm ótima relação com o governo".
De acordo com dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos do governo) levantados pelo DEM a pedido da Folha, o segundo colocado no ranking de liberação de emendas de bancada é Minas Gerais (R$ 5,8 milhões), o segundo maior colégio eleitoral, com 53 deputados e três senadores.
Até julho, o Acre não recebeu nenhum centavo nesta modalidade de emenda. Depois, foram R$ 7 milhões em agosto e outros R$ 2 milhões em setembro. No período, Tião ganhou evidência na Casa com a possibilidade de suceder Renan Calheiros (PMDB-AL). No dia 11 de outubro, herdou a cadeira por um período de 45 dias - a licença expira dia 26.
Tião afirmou, por meio da assessoria, que não trata de emendas com a bancada.
Dos oito deputados do Acre, sete votam sob orientação do governo. Os três senadores são governistas. "Sabemos que a distribuição de recursos obedece apenas a interesses políticos do governo", disse o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
O Acre tem cerca de 670 mil habitantes e 22 municípios, segundo o IBGE. São Paulo tem 645 municípios e população de 40 milhões. Minas tem 853 cidades e 19 milhões de habitantes. Ou seja, cada cidadão acreano foi beneficiado com R$ 20 dos cofres da União; os mineiros com R$ 3, e, cada paulista, R$ 0,80.


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