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Com Tião Viana na cadeira de Renan, Acre leva mais verbas
Estado do presidente interino do Senado lidera lista de liberação de emendas de bancada
Em outubro o Acre recebeu R$ 12 milhões para obras; influência política conta, mas senador nega tratar de emendas para seu Estado
SILVIO NAVARRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mês em que Tião Viana
(PT-AC) assumiu a presidência
do Senado interinamente, o
Acre teve a maior liberação de
"emendas de bancada" feitas ao
Orçamento deste ano entre todos os Estados do país.
Foram R$ 12 milhões repassados para obras definidas pelos 11 parlamentares acreanos
-oito deputados e três senadores- em outubro, valor que representa metade de tudo o que
saiu do caixa da União no mês
passado sob a rubrica de
"emendas de bancada" -R$
24,8 milhões. O repasse de outubro representa 57% de todo o
montante liberado no ano para
o Acre por meio desse tipo de
emenda -R$ 21 milhões.
Essa modalidade de emenda
é feita em conjunto por parlamentares no início do ano. Para
ser liberada rapidamente necessita de um articulador de peso no Congresso. Tradicionalmente, atendem a pedidos do
governador. O governador do
Acre é Binho Marques (PT),
eleito por influência da família
Viana. Seu antecessor, Jorge
Viana, é irmão de Tião.
"Não vamos debater na Casa
Civil cada um puxando a sardinha para a sua lata. Vamos com
um projeto concreto, e a bancada vai unida, governo e oposição. Aí, para a Dilma [Rousseff]
é uma beleza liberar o recurso",
diz o deputado Nilson Mourão
(PT-AC), que reconhece: "É
claro que facilita ele [Tião Viana] ser presidente do Senado, o
ex-governador ser Jorge Viana.
Todos eles têm ótima relação
com o governo".
De acordo com dados do Siafi
(sistema de acompanhamento
de gastos do governo) levantados pelo DEM a pedido da Folha, o segundo colocado no
ranking de liberação de emendas de bancada é Minas Gerais
(R$ 5,8 milhões), o segundo
maior colégio eleitoral, com 53
deputados e três senadores.
Até julho, o Acre não recebeu
nenhum centavo nesta modalidade de emenda. Depois, foram
R$ 7 milhões em agosto e outros R$ 2 milhões em setembro.
No período, Tião ganhou evidência na Casa com a possibilidade de suceder Renan Calheiros (PMDB-AL). No dia 11 de
outubro, herdou a cadeira por
um período de 45 dias - a licença expira dia 26.
Tião afirmou, por meio da assessoria, que não trata de
emendas com a bancada.
Dos oito deputados do Acre,
sete votam sob orientação do
governo. Os três senadores são
governistas. "Sabemos que a
distribuição de recursos obedece apenas a interesses políticos
do governo", disse o presidente
do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
O Acre tem cerca de 670 mil
habitantes e 22 municípios, segundo o IBGE. São Paulo tem
645 municípios e população de
40 milhões. Minas tem 853 cidades e 19 milhões de habitantes. Ou seja, cada cidadão
acreano foi beneficiado com R$
20 dos cofres da União; os mineiros com R$ 3, e, cada paulista, R$ 0,80.
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